Tem que ler pra entender -.-
Entao.. boa leitura e espero que gostem ^^'
Em Busca da Liberdade
Tudo que eu sempre quis foi estar livre, poder ser eu mesma na minha vida e poder tomar as minhas próprias decisões sem me preocupar com o que as pessoas fúteis e ignorantes ao meu redor vão pensar sobre mim. Essa sou eu, Andrea Lyon, uma típica adolescente americana que não acha que a vida é grande coisa e que poderia ser melhor. Meu vizinho, Jackson Fry, não concorda com metade das coisas que eu digo, e parece que não vai com a minha cara... mas já estou acostumada com esse tipo de atitude. Jackson é um ano mais velho que eu, e mesmo assim me faz querer odiá-lo. Ele se mudou pra cá faz apenas três dias e já senti uma atmosfera tensa entre nós. Ele me diz que eu deveria ser um pouco menos irritadinha com a vida, e então eu xingo ele e fica tudo bem. ^^
Quando era pequena eu tinha muita raiva, e vivia atirando coisas nas pessoas quando não faziam a minha vontade, ou simplesmente quando eu achava certo. Meus pais se cansaram e me colocaram num psicólogo, e assim aprendi a controlar minha raiva e a ter noção do que eu fazia. Durante essa época eu afastei todas as pessoas nas quais eu mais quis me aproximar, e acabei virando essa pessoa que hoje eu sou, uma garota solitária e sem amigos. Mas nunca me queixei disso, de vez em quando acho até bom não ter vida social, não tenho paciência pra ter que lidar com amizades e paqueras, acho tudo isso uma grande perda de tempo e de personalidade. Afinal, quem é que não muda por uma pessoa querida?
Agora que chegaram as férias vou ter mais tempo para fazer coisas que adoro: dormir, comer, ver tv, escrever no meu diário sobre minha patética vida infeliz... há várias coisas ridículas e interessantes que eu posso fazer durante esses três meses que com certeza vão passar mais depressa do que eu possa imaginar. Como escrever não é a única coisa que faço o dia todo, fui para a sala ver o que estava passando na televisão.
Sunday, minha mãe: Andrea, você tá sentada nesse sofá a horas, não se cansa de ver televisão o dia todo? – minha mãe é do tipo, defensora da natureza. Ela odeia o fato de nós sermos tão dependentes dos eletrônicos no nosso dia-a-dia e tenta evitá-los sempre que possível.
Eu: O dia que eu me cansar de ver televisão você vai estar casada e com mais um filho -.- – ela é divorciada, ela dizia que meu pai era insuportável e não tinha idéia de porque havia casado com ele. Eles se divorciaram quando eu tinha apenas 3 anos, eu nem lembraria do rosto dele se não fosse por uma foto antiga de família tirada no dia do meu nascimento que eu tenho guardada até hoje. E as chances dela arrumar um novo marido são quase nenhuma, porque ela simplesmente não quer.
Minha mãe desligou a televisão e disse: O dia tá tão lindo, porque não sai e aproveita como uma pessoa normal? -.-
Eu: Porque eu não sou uma pessoa normal -.-
Mãe: Andrea, eu não vou deixar você desperdiçar assim suas férias só porque é anti-social -.-
Eu: Vai me obrigar a sair de casa? :O
Mãe: Sai agora ou ta de castigo! Ò.Ó/
E assim eu sai de casa à força. Eu estava caminhando normalmente pela calçada, procurando o que fazer e me perguntando como consegui me controlar tanto a ponto de não xingá-la e me trancar no meu quarto pra jogar vídeo-game. Deve ter sido o psicólogo, ajudou muito. Mas apesar de estar me contendo, era frustrante ter que andar naquele sol quente, ouvindo o som daqueles pássaros miseráveis e morrendo de tédio sem nem um ar condicionado pra me favorecer naquele momento. Enquanto olhava para o céu azul, intrigada porque odeio essa cor -.- ouvi passos de alguém se aproximando, mas nem me toquei e continuei andando. Ele esbarrou em mim.
Jackson, aquele meu vizinho de quem eu falei: EI! NÃO OLHA POR ONDE ANDA? Ò.Ó/
Eu: E se for isso mesmo? Ò.Ó/
Jackson: Ah é, típico de você -.- andar por aí sem nem pensar pra onde vai ou o que vai fazer, você é tão desligada >:b
Eu: Não vou te fazer mudar de opnião porque afinal, esse é um país livre, mas eu acho que você não é ninguém pra julgar uma pessoa que nunca nem teve uma conversa -.-
Jackson: Sabe Andrea, eu queria mesmo ser seu amigo... e tenho certeza que debaixo desse demônio tem um anjinho gritando pra sair ^^
Eu: É por isso que ainda não perdi as esperanças sobre você -.-
Jackson: Porque você é tão anti-social e estressada?
Quando ouvi estas palavras, suspirei e dei meia volta. Tudo que eu menos queria era falar da minha vida pra um cara que eu conheço a só três dias... seria ridículo e humilhante. Prefiri deixar ele falando sozinho e ir fazer outra coisa, naturalmente, como se nem tivesse visto ele hoje. Mas não era assim tão fácil de se livrar do Jackson.
Jackson veio correndo atrás de mim, e com um tom de calma e preocupação, o que me surpreendeu muito, disse: Andrea espera! Eu acho que se a gente tentar, você ainda pode ter chances de ser uma adolescente normal! Eu posso te ajudar ^^
Eu: Não quero ser uma adolescente normal, tudo que eu preciso é o que eu tenho, e se me der licença, tenho mais o que fazer da vida do que ficar discutindo a filosofia da amizade com um otário feito você -.-
Jackson: É por isso que você não tem amigos -.-
Eu: E nem quero ter -.-
Jackson: Sério, você nunca quis sair com um grupo de amigos íntimos no cinema, ou então ir a casa de uma amiga e falar sobre maquiagem e garotos... sabe, coisas de garotas e pessoas que tem vida? ^^
Fiz uma pequena pausa em minhas falas refletindo sobre como seria divertido e fantástico ter amigos, porque no fundo eu sempre quis ser uma daquelas garotas populares e rodeadas de felicidade, mas nunca realmente me preocupei com esse tipo de coisa, porque sempre fui excluída do povo à minha volta e nunca participei de nada coletivo ou coisa do tipo. Então ao invés de sair de perto como sempre faço quando não quero responder à algo, respondi com algo muito sincero. Alguma coisa me dizia que eu podia confiar no Jackson dessa vez.
Então eu disse: Tá. O que você vai fazer?
Jackson respondeu com um olhar de entusiasmo: Vamos dar um jeito na sua vida social antes que você acabe uma solteirona de 40 anos! ^^’
Percebi um leve tom de sarcasmo enquanto ele dizia essa frase, e de repente percebi que se quisesse ter liberdade pra sonhar, fazer o que achasse bom para mim sem ser interrompida, teria que fazer isso sozinha.
Voltei pra casa, já estava quase no fim da tarde, minha mãe já estava jantando e o gato dela estava deitado ao lado dela. Ah é, quando meus pais se divorciaram meu pai comprou uma casa na praia e minha mãe comprou um gato.. Dungo era o nome do pobre gatinho -.-
Ele tinha um jeito meio, como se quisesse explorar o mundo afora, e como se nunca quisesse ter sido adotado. Eu o entendo.
Quando entrei em casa, minha mãe nem notou minha presença e ficou falando coisas em tom agudo com o gato. Acho que já sei a quem puxei no meu jeito anormal e descontrolado de ser -.- apesar de que, felizmente, já me curei disso à muito tempo.
Meu relógio, não sei como, caiu no chão, e com a porta aberta me abaixei para pegar. Eu estava levantando, minha mãe foi usar a faca com a mão esquerda, a qual estava segurando o gato, e quando soltou ele para segurar a faca, ele saiu correndo pela porta aberta. Minha mãe começou a gritar desesperada, e a me xingar como se eu fosse a principal culpada da história. Fiquei assustada O.O
Ela disse: VOCÊ É LOUCA GAROTA? DEIXOU A PORTA ABERTA, OLHA O QUE FOI FAZER! AI MEU DEUS, DUNGO! :O DUNGOOOOOOOOOOOO! A MAMAE TA INDO TE SALVAR, NÃO SE PREOCUPE JÁ ESTOU A CAMINHO! E você Andrea, tá de castigo -.- DUNGOOOOOOOOOOOOOO TT-TT
Como eu disse, esquisito -.-
Minha mãe ficou horas fora procurando o Dungo (-.-) pela cidade inteira, ela olhou cada canto, cada árvore, cada casa, cada lugar da cidade inteira onde ele poderia ter ido. Aproveitei que estava sozinha em casa e fui relaxar um pouco assistindo televisão. Tava passando um filme sobre um cara que sempre foi muito problemático, então ele é abandonado por todos os seus amigos e familiares, e quando dá por si, está sozinho, e percebe que nunca foi bem-vindo no mundo em que ele nasceu. Já vi esse filme antes. Quando vi o rosto do protagonista ajoelhado na chuva, se lamentando, percebi o quanto minha situação se identificava com a dele, e não havia percebido. Era como se estivesse me transmitindo uma mensagem para que eu soubesse o que devia ser feito em relação a mim mesma... era como, se eu soubesse exatamente o que fazer, mas não tivesse entendido o porque, e por isso não fui atrás. Desliguei a televisão e comecei a pensar. Pensar na vida, pensar em como minha mãe me deixou sozinha por causa de um gato que ela adotou num momento de carência, era tão absurdo e tão insensível ao mesmo tempo que não poderia ser descrito apenas com palavras. Era um sentimento profundo, algo que vinha do coração. Do meu coração, e quando me dei por conta, ele estava ferido. Não resisti. Peguei uma mochila, peguei todas as minhas melhores roupas e bens mais queridos, escrevi uma carta e deixei em cima da mesa da sala, ao lado do par de sapatos que eu estava usando no dia em que meus pais resolveram se divorciar. Minha mãe guardou eles não sei porque, e achei que agora seria uma ótima hora para tirar ele daquela caixa enorme que havia guardada no meu armário a anos.
Não sei qual foi a reação da minha mãe quando viu a carta. Uma pessoa normal diria “ela deve ter ficado tão triste e infeliz em descobrir que eu fugi de casa :O” mas eu não diria exatamente isso... acho que ela se sentiu mal, mas pensou, a vida continua.. fazer o que -.-
As vezes eu queria que minha mãe se importasse mais comigo, foi justamente por esse motivo que fugi. Não agüentava mais a pressão, era muito ruim estar ao lado de todas aquelas pessoas que não significam nada pra mim e que só faziam dos meus dias uma tragédia cada vez maior. Fiquei dois dias acampando num lugar bem afastado de onde moro, e no terceiro dia quando acordei, encontrei um bilhete do lado de fora da minha barraca. Nele dizia:
“Andrea, sei que quando estiver lendo isso talvez já seja tarde demais. Mas queria que soubesse mesmo assim, que quando te digo para ter amigos, sair, se divertir... não estou te dando uma ordem, nem fazendo um pedido, estou te dando uma opção de vida. Não me pergunte como cheguei até você, seria embaraçoso dizer que procurei em cada canto do interior da cidade onde poderia ser um bom lugar para acampar, e já sei que fugiu de casa. Queria que você pensasse e refletisse sobre o que está fazendo, e se é realmente esse tipo de aventura desastrosa que você vai querer ter contigo. Eu realmente queria ser seu amigo, e apesar de você não ligar para o que eu penso, só lhe digo o que acho melhor que você faça porque me importo com você. Na primeira vez que te vi seu olhar tenso e caloroso fez eu me sentir como se toda aquela cena fosse um reflexo da base da minha vida. Só queria que soubesse, Andrea, sinto sua falta.
Seu vizinho, Jackson.”
Fiquei pasma quando terminei de ler o bilhete. Por que Jackson se importaria comigo? E por que sentiria minha falta? E o mais estranho é, como ele me encontrou aqui no meio do nada e teve tempo de vir até a minha barraca só pra deixar um bilhete estranho falando sobre sentimentos? O que aconteceu com aquele garoto intragável e irritante que só sabia falar de amizade e como era importante ser reconhecido e respeitado? Realmente, não há ninguém que não mude por uma pessoa querida. Agora a pergunta principal: por que ele me considera uma pessoa querida? Quero dizer, o que eu fiz pra que ele gostasse tanto de mim? E o que meus olhos tem a ver com isso tudo? -.-
Já chega. Cansei. Tentei me conter mas a curiosidade estava me consumindo por dentro. Peguei todas as minhas coisas e fui direto pra casa do Jackson fazer um breve interrogatório sobre esse bilhete aberração que ele deixou pra mim.
Jackson atendeu: Que é? ANDREA, VOCÊ VOLTOU! :O
Eu: É, tá, mas não preciso ser recepcionada -.-
Jackson: Então, você...
Eu interrompi: Jackson, o que você quis realmente me falar quando escreveu esse bilhete esquisito?
Jackson olhou com um olhar de decepção, como se esperasse que eu dissesse algo mais profundo e que fizesse ele se sentir bem, e disse: Você... não entendeu a mensagem?
Eu: Entendi, você sente minha falta e se importa comigo... mas, não entendi o por que disso. Nós não nos conhecemos direito, por que você age como se já fossemos grandes amigos a muito tempo?
Jackson: É que eu... você não quer entrar? ^^
Eu: Jackson, vai direto ao ponto -.-
Jackson suspirou, olhou fundo nos meus olhos e gentilmente, disse: Quando você apareceu com a sua família pra dar boas vindas, e eu olhei pra você pela primeira vez, eu pensei que... você... não sei descrever, era como se eu tivesse ido ao paraíso inesperadamente, como se não houvesse saídas para aquele momento e como se... eu sinceramente não quisesse que houvesse uma. Eu queria estar ali, queria chegar mais perto, e quando fui falar com você, era como se tivesse alcançado o inalcançável, sem conseguir entender o porquê de aquilo estar acontecendo, era bom demais pra ser verdade... eu me sentia... como um herói recompensado, não sei dizer. Era especial.
Olhei atentamente aos olhos dele, e sem querer interromper aquelas palavras lindas e inspiradoras, continuei ouvindo.
Ele olhou pro céu, olhou pra mim, depois suspirou e disse: Eu acho... que estou amando!
Não pude acreditar no que tinha acabado de ouvir. Não. Não mesmo. Jackson Fry, o vizinho, estava apaixonado por mim? Justo por mim? Uma ninguém, uma solitária, uma qualquer... por que eu seria especial pra um cara que praticamente acabou de me conhecer? Não. Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo. Não podia acreditar que essas palavras poderiam de alguma forma estarem saindo da boca dele. Não podia ser verdade. Por que motivos alguém iria gostar tanto assim de mim a ponto de se declarar de repente? Eu precisava de respostas.
Então com um olhar tenso e surpreso, eu disse: Jackson... eu ouvi bem? Por acaso você disse que... você me ama?
Jackson concordou com a cabeça enquanto dizia: Eu amo... você.
A parte mais sem noção de tudo isso foi que bateu aquela impressão de estar sendo observada, e Jackson fez um gesto com o olhar como se estivesse surpreso com algo que viu atrás de mim. Me virei, e vi umas 10 pessoas observando o momento e cochichando, como se estivessem assistindo a um filme -.-
Minha vontade era de mandar todo mundo vazar dali, afinal isso é particular Ò.Ó/ mas... o clima era grande demais pra ser destruído com um insulto, mesmo que fosse para os enxeridos da minha rua. Não vi outra alternativa a não ser dizer à ele na frente de todo mundo o que estava pensando. Eu estava disposta a começar a falar, estava encorajada, confiante. Quando ouvi um barulho de porta, e minha mãe saiu de casa e olhou pra mim como se estivesse esperando que eu falasse. Perdi toda a coragem. Não queria que minha mãe me ouvisse, isso era um papo de amigo ou um discurso? Eu estava nervosa de repente, e pensei em sair correndo, queria sumir. Mas lembrei de como tinha fugido e não resolveu nada... e então me acalmei, fechei os olhos por alguns segundos, respirei fundo, olhei pra ele.
E disse: Jackson, você é a primeira pessoa que expressa um sentimento tão bonito por mim, não sei direito como agir na frente de situações nas quais nunca estive, como quando meus pais se divorciaram... ou quando sem querer deixei o gato da minha mãe fugir, apropósito, conseguiu encontrá-lo mãe?
Minha mãe olhou e numa leve voz de choro, disse: Não. Ele se foi. Para sempre. E não há nada que possa ser feito. Espero que minha tristeza não te afete...
Então prossegui: Então tá... olha Jackson, eu sei que você espera que eu também diga algo maravilhoso em troca mais, sinceramente, não sei o que dizer... só posso dizer que tem grandes chances de eu sentir o mesmo por você.
Jackson olhou nos meus olhos, abriu um grande sorriso, e disse: Você já disse. E foi chegando perto, até que num ato surpreendentemente audacioso e perfeito, nossos lábios se tocaram, enquanto todos gritavam de alegria por nós. Os meus vizinhos sempre foram atenciosos, apesar de eu nunca estar nem aí. Me senti culpada, feliz, entusiasmada e com medo de fazer alguma coisa errada, tudo ao mesmo tempo. Jackson e eu começamos a namorar, me senti tão conquistada e contente que não estava nem conseguindo entender que eu agora não era mais Andrea Lyon, a anti-social. Eu passei a me importar com as pessoas, porque finalmente percebi o quanto a vida é importante, e o quanto devemos tomar cuidado para tomar conta daquilo que é nosso. Nunca vou esquecer este tempo que mudou a minha vida, a melhor coisa que já me aconteceu, até hoje.
O Fim.
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